segunda-feira, 25 de julho de 2016

Como a Inglaterra criou 100 mil empregos em tecnologia.

Como a Inglaterra criou 100 mil empregos em tecnologia.
Como a Inglaterra criou 100 mil empregos em tecnologia.
Especializado em apoiar startups para atingir escala, o consultor do Reino Unido Ketan Makwana (foto) esteve em Florianópolis na Conferência Mundial de Empresas Juniores e fez palestra para empresários da Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia (Acate) sexta-feira. Em entrevista à coluna de Estela Benetti, ele contou como ajudou o governo do seu país a adotar plano que abriu 100 mil empregos na área de tecnologia em três anos

Como startups podem ganhar escala?

As pessoas têm vontade de começar uma startup, têm motivação, mas muitas vezes não fazem a validação do negócio. Validar significa saber sobre o novo mercado que está se inserindo, o futuro desse mercado. Isso é importante porque o empreendedor supõe resultados e faz uma pesquisa para validar aquilo que está lançando. Assim, pode fazer o projeto-piloto e, ao fazer isso, está criando um modelo. O que dá escala é multiplicar o modelo que a empresa testou a partir da teoria.  

O senhor pode citar exemplos bem-sucedidos?

Vou dar dois exemplos, um do Reino Unido (Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte) e outro da Guatemala. Eu gosto de falar da Guatemala porque entendo que o ecossistema deles pode ser parecido com o do Brasil. O exemplo do Reino Unido é de uma empresa que faz recrutamento de pessoas usando dados. Três jovens começaram essa empresa, o mais novo tinha 21 anos e os outros dois, 26 anos. Fui o mentor deles. Os perfis para seleção sempre eram feitos de forma comum, mas eles conseguiram fazer de uma maneira mais afinada. Algumas vezes, as pessoas eram rejeitadas por causa de uma pequena linha. Com esse processo tecnológico, a seleção ficou melhor, não há rejeição por causa de um detalhe insignificante. Eles criaram a empresa porque enfrentaram o problema. Tinham formação, mas eram rejeitados sempre quando buscavam uma vaga. E perceberam que as empresas de seleção tinham um monte de currículos parados, parecia que as pessoas não se encaixavam. Eles queriam 150 mil libras para começar o negócio. Aí uma empresa de recrutamento ofereceu a eles 200 mil libras e 35 mil currículos ficaram ativos. Cada um desses currículos valia 4 mil libras. Por essa empresa ter acreditado neles, chamou atenção da Microsoft, que incluiu o processo deles no novo Office e acabou de adquirir o Linkedin, maior empresa de recursos humanos do mundo. Uma empresa de 18 meses de idade, baseada em tecnologia não só conseguiu investir, atraiu dois clientes gigantescos que ajudaram a crescer muito mais. 

E o avanço da Guatemala?

Eu tenho trabalhado há três anos com o governo da Guatemala. O país está em quinto lugar no mundo entre os que mais atraem investimentos do Vale do Silício em startups de tecnologia disruptiva. Eles não estavam fazendo nada há três anos em inovação porque o governo não via a tecnologia como algo importante para o futuro. Analisamos sobre porque a Guatemala é atraente. Lá exite o Luis von Ahn, que criou o Duolingo que ensina idiomas de graça. Há também um inventor de código de segurança de todos os PCs. Eles começaram há três anos um processo de fortalecimento do setor de tecnologia, abriram um espaço como esse da Acate com foco em tecnologia e inovação. Todos os programas de faculdade de administração focaram mais o empreendedorismo. Eles têm hoje 32 aceleradoras de empresas. Tudo o que era pesquisa, agora vira negócio, empresas. A tecnologia e a inovação estão no centro do que estão fazendo. Nós próximos cinco anos, o próximo unicórnio do mundo pode vir da Guatemala. Seria uma pessoa que inventaria algo que se torna um gigante mundial como Facebook ou Pokémon Go. 

Como criar um ecossistema para acelerar o setor de tecnologia no Brasil?

É preciso facilitar o início de negócios, reduzir impostos e taxas e facilitar o acesso de grandes empresas de fora para que entrem no Brasil e possam fazer negócios aqui. Eles podem trazer tecnologia de fora e impulsionar empresas. Um exemplo é a Nintendo. Decidiram não abrir o Pokémon Go no Brasil porque ficou tão caro e difícil toda a parte jurídica, de tributação, de validação. Esse produto poderia abrir portas muito importantes para serviço, inovações. Esse único produto liberaria tanta coisa boa. Isso é difícil porque existe mais ganância de fazer dinheiro (tributos) do que facilitar para a economia crescer. O senhor colaborou com o governo do Reino Unido em projeto para acelerar o setor tecnológico. 

O que foi feito e como foram os resultados?

Eu era conselheiro do primeiro ministro do Reino Unido há três anos. Fizemos um trabalho para facilitar para que as pessoas pudessem conseguir abrir empresas. Pessoas de 18 a 24 anos conseguiram colocar negócios em funcionamento mais facilmente. Com investimentos de 175 milhões de libras pelo governo 35 mil empresas foram abertas e com isso, foram criados 100 mil novos empregos. Eles não tinham que pagar taxa de emprego se contratassem pessoas com menos de 25 anos de idade. A tributação, em vez de 20%, caiu para 10%. O ecossistema está crescendo muito por causa disso.





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