sábado, 12 de dezembro de 2020

Prefeitura é acusada de fingir ataque hacker que teria exigido R$ 150 mil em Bitcoin

Prefeitura é acusada de fingir ataque hacker que teria exigido R$ 150 mil em Bitcoin

A Polícia Civil de Santa Catarina realizou a ‘Operação Co-Incidência’ na quarta-feira (9), para cumprir sete mandados de busca e apreensão em 16 endereços da Grande Florianópolis. A administração da cidade Biguaçu é investigada por diversos crimes contra a administração pública. Entre eles está associação criminosa, contratações irregulares e possível existência de funcionário fantasma no serviço público municipal. Além disso, a prefeitura é acusada de comunicação falsa de crime. O sistema da prefeitura foi supostamente hackeado em ataque ransomware em junho deste ano. Os supostos invasores teriam pedido resgate de bitcoin para liberar novamente o acesso à rede. Em boletim de ocorrência, a prefeitura afirma que hacker exigiu o pagamento de 3 bitcoins. Na cotação da época, a quantia equivalia a cerca de 150 mil reais. Em um e-mail escrito em inglês, o hacker ainda teria passado orientações de como fazer a transferência dos bitcoins. Porém, o pagamento nunca foi feito.


Hacker de mentirinha?


A polícia civil recebeu uma denúncia de um informante que afirmou que o ataque hacker foi forjado pela administração pública para fazer “queima de arquivos”. Dessa maneira, seria uma forma de sumir com provas que indicariam a possível corrupção praticada por políticos e servidores dentro da prefeitura. O portal local ND Mais divulgou um trecho do despacho da juíza Flávia Maéli da Silva Baldissera, da Vara Criminal da Comarca de Biguaçu, que reforça a denúncia. “As autoridades municipais teriam construído uma narrativa para legitimar o desaparecimento dos arquivos em ataques promovidos por um hacker. […] a autoridade policial sustenta a necessidade de esclarecer se houve negligência em relação às providências a serem adotadas referentes ao crime de extorsão ou deliberada má fé para ocultação de outros crimes praticados.” A denúncia afirma que funcionários teriam ciência das irregularidades que aconteciam na prefeitura. Por isso, construíram uma narrativa para justificar o sumiço de arquivos que poderiam comprometer os envolvidos.


Vice-prefeito afirma que ataque aconteceu


De acordo com Vilson Norberto Alves (PP), vice-prefeito de Biguaçu, todo o sistema da Prefeitura ficou fora do ar por 30 dias. Isso porque a administração não pagou as criptomoedas supostamente pedidas pelo hacker para devolver o acesso à rede. Conforme entrevista que o vice-prefeito deu à NDTV essa semana, os funcionários da prefeitura não teriam capacidade de forjar uma invasão dessas proporções. “Como nós iríamos fazer uma simulação de ataque de um hacker para ocultar ou para tirar qualquer coisa do sistema? Ficamos paralisados por 30, 40 dias aqui na prefeitura sem sistema. Foi em todas as nossas secretarias, não foi só uma repartição.”


As administrações públicas tem sido os alvos favoritos dos hackers no Brasil em 2020.


No mês passado, ainda em Santa Catatina, hackers invadiram os computadores do Poder Judiciário do estado. O ataque cibernético tinha o intuito de roubar informações pessoais e extorquir bitcoins. Na América Latina, o Brasil é o país que mais sofre ataque do tipo ransomware. Entre janeiro e setembro de 2020, os países da região sofreram 1,3 milhão tentativas de invasão. 46,7% dos ataques tinham o Brasil como alvo.





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