sábado, 8 de abril de 2017

Polícia Federal planeja usar inteligência artificial em investigações.

PF planeja usar inteligência artificial em investigações.
PF planeja usar inteligência artificial em investigações.
Portal JOTA - A cena virou rotina e faz parte das manhãs dos brasileiros há três anos: Polícia Federal nas ruas, realizando buscas e apreensões em grandes empresas, sede de partidos políticos, casas de empresários, doleiros e até de políticos. Assim, desde 2014, a força tarefa da Operação Lava Jato coletou um volume impressionante de dados. São ao menos 1,2 milhão de gigabytes, retirados especialmente de computadores das empresas e telefones celulares de envolvidos nas investigações. Para se ter uma ideia do volume disso tudo, seriam necessários 300 mil computadores com memória básica de 4GB para arquivar tudo que já foi coletado até aqui.

Para processar essa imensidão de dados, a PF teve de mergulhar na era do big data, turbinar as ferramentas de trabalho e criar métodos próprios para garantir a análise do conteúdo. Peritos da instituição desenvolveram, por exemplo, o Indexador e Processador de Evidências Digitais, um software que aperfeiçoa significativamente o processamento de dados. Sem ele, com softwares do mercado, os investigadores conseguiam vasculhar um HD de computador de cada vez, tornando lenta a análise das informações. Com o Indexador, a varredura se dá em vários HDs simultaneamente, permitindo que a avaliação dos dados ocorra, muitas vezes, em apenas um dia.

O futuro já chegou

O salto de eficiência já é notável, mas os delegados querem avançar mais. Assim, começaram a discutir o uso de inteligência artificial voltada para investigações. A metodologia prevê ensinar o robô a fazer a leitura de dados específicos e os cruzamentos chave para a investigação.

Assim, o objetivo é desenvolver mecanismos que possam acelerar o combate à corrupção, fraudes e crimes cibernéticos. Isso é possível porque os softwares de última geração não apenas compreendem significados de conteúdos dentro dos documentos como também fazem correlações, sendo possível analisar milhares de páginas e estabelecer conexões automaticamente. No caso das investigações, por exemplo, seria possível analisar contratos para identificar indícios de superfaturamento ou até mesmo elementos de lavagem de dinheiro.

A utilização de inteligência artificial já é realidade em escritórios de advocacia e departamentos jurídicos de empresas. Os robôs aprendem a ler documentos em segundos e tirar conclusões a partir da leitura. Assim, quando um novo caso é detectado pelo software, ele já entende de que trata a petição inicial, vê o valor da causa e sugere o melhor encaminhamento, como acordo ou contestação. Em casos de acordo, o programa pode indicar o melhor valor a ser sugerido e, nos casos de contestação, pode escrever a peça e enviá-la já pronta para a revisão do advogado responsável.

Parcerias

A proposta de incrementar as investigações com inteligência artificial foi lançada pela  Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) no VII Congresso da categoria, realizado em março, em Florianópolis (SC). A ADPF constituiu, em parceria com a Faculdade de Direito do IDP em São Paulo, o grupo de estudos “Inteligência Artificial a Serviço da Investigação”, com a participação de grandes especialistas em tecnologia da informação e uso da inteligência artificial, como a empresa Finch Soluções, criada em 2013, que atua na área jurídica.

Segundo o presidente da ADPF, Carlos Eduardo Sobral, “diversos órgãos públicos utilizam a tecnologia em grandes operações, mas a inteligência artificial e a predição ou indicação de situações suspeitas podem trazer uma nova dimensão, com grandes contribuições que vão permitir que os profissionais possam focar seus esforços em análises estratégicas e em tarefas essenciais para o sucesso das investigações.”

Para Alexandre Zavaglia Coelho, do IDP, esse grupo “terá um papel de grande importância para demonstrar o potencial da computação cognitiva e preparar os profissionais para entender o que já existe e como essa tecnologia pode ampliar as possibilidades de investigação”.

Entre as atividades definidas pelo grupo para 2017, estão um hackathon sobre combate a corrupção, fraudes e crimes cibernéticos, previsto para junho, um curso de extensão sobre o tema e projetos de pesquisa para o desenvolvimento de novas tecnologias.




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> Fundada em 13 de Outubro de 2011
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